Ainda é você

terça-feira, setembro 22, 2015 0 Comentários A+ a-


Eu sei que as coisas estão confusas, erradas. Eu sei que você está ferido, magoado, sofrendo como um cachorro que foi chutado pela vida. Eu sei que você está com nojo, raiva e até rancor. Eu sei que você não quer mais ouvir minha voz, muito menos meu choro. Mas eu também sei que, quando toda essa escuridão passar e a gente se encontrar, o amor que você sempre sentiu por mim ainda vai estar ali.

O que você faria se eu dissesse que ainda são as nossas tardes de sábado, nossas caminhadas na praia, nosso riso abafado? E se eu dissesse que ainda é o seu perfume, a sua voz, o seu calor? E se eu disser que eu pego toda essa dor e jogo pra longe só pra gente ficar perto? E se eu disser, amor, que ainda é você, você volta?

Porque é.

É a sua cama bagunçada, seu cabelo rebelde. Ainda é suas caretas nas fotos, suas brincadeiras irritantes. Ainda é a sua poesia sofrida, suas mãos grandes e seu abraço que me cura. E se eu implorar baixinho pra que você volte, se eu me fizer menos eu, se eu chorar feito criança, você volta? Vem amor, tá frio aqui dentro de mim. E faz chuva. Vem acalmar minha tempestade, curar minhas feridas, secar o esse meu choro alto. Vem pra casa, amor. Volta pra mim porque essa distância toda tá me matando muito.

Mas não me deixa aqui chorando sozinha, andando sem saber para onde eu tenho que ir, vagando descalça pelas calçadas desse centro tão cheio de gente que não é você. Vem, vem devagar, fazendo barulho, não importa. Só não me deixa sem entender nada, só não me maltrata assim. Só não mente dizendo que tudo acabou, amor. Porque eu sei que você está mentindo.

Mata essa saudade crua, melancólica, vagarosa, que vai me rasgando aos pouquinhos e me arrastando para dentro do escuro. Faz isso ir embora, amor. Faz essa saudade ir embora de mim. Porque isso não é sobre o fim. Nem sobre começos. Isso é sobre as curvas dos nossos corpos que se juntam como se fosse feitas para estarem ali. É sobre as músicas que a gente cantou, os textos que a gente escreveu. Isso é sobre aquela tarde na praia que você estendeu sua mão me pedindo pra confiar em você, e eu confiei. Eu confio, amor. É sobre os almoços que você me fez, sobre as lágrimas que você chorou quando eu te contei daquele amor que eu perdi. Isso é sobre tudo que sacrificamos, tudo que sentimos, tudo que fizemos. Eu não posso escolher se vou sofrer ou não. Não posso parar de sentir dor e prometer que nunca vou ser ferida por você. Mas eu posso escolher se vou fazer isso valer a pena. Eu posso escolher para quem eu vou sofrer e eu aceito minhas escolhas.

Então vem beijar minha boca, vem aquecer meus pés gelados. Vem pra casa, amor. Vem pra mim. Eu prometo que jogo fora essa minha acidez incontrolável, que paro de tratar você mal. Eu prometo que vou lembrar-me das datas dos nossos aniversários, que vou parar de agir feito criança. Eu prometo que nunca mais escondo de você o que eu sinto. Mas não joga tudo pro alto agora, não vai embora de mim. A gente se pertence, não tem mais volta, lembra? Foi nossa decisão, foi nossa escolha. Ser eterno um do outro, lutar pelo outro, sofrer pelo outro. O que tinha que fazer, a gente fez. E eu não me arrependi.

Porque esse texto, amor, ainda é sobre você.

Textos, frases, crônicas, drama e uma mistura de coisas que só quem sente pode entender. O blog é uma mistura de tudo aquilo que passa na minha confusão mental, um pouco de crítica, um pouco de jogos, um pouco de tudo pra quem pensa em tudo.