Para os que morrem de amor

domingo, março 06, 2016 0 Comentários A+ a-

    
 Essa já é a décima vez que eu escuto toda a discografia de Clarice Falcão e eu ainda não consegui parar de engolir o choro. Isso não ajuda, eu sei. Mas é ótimo pensar que, ao menos por um segundo, ser louca não me torne alguém absurdamente solitária. 
     A maldição da mulher artista.
     Recolho os cacos da minha auto-estima e me pergunto onde foi que eu deixei de ser aquela figura que parecia tão interessante e divertida. Talvez eu nunca tenha sido isso realmente, não é? Não passo de uma fantasia, uma diversão até que algo melhor apareça. E sempre aparece. 
     Eu me sinto como uma coisa das quais eles usam e jogam fora quando se cansam. Eu me sinto um brinquedo que é deixado de lado por outro melhor. É esse o preço que se paga por escolher ser você mesma? É essa a consequência por eu ser assim, meio louca por dentro? 
Quantas vezes eu chorei sozinha, quantas vezes eu quis que, pelo menos uma vez, alguém não cansasse e fosse embora também? Mas eles continuam a cruzar a porta e eu continuo sem entender para onde ir.
É o meu medo do escuro? é porque eu não sou bonita o suficiente? É porque eu não sei ser misteriosa, gentil e engraçada o bastante? É porque eu não sou como todas as outras? É porque eu não uso pijama pra dormir porque tenho preguiça de colocar a roupa? É porque eu vivo falando besteira? É porque eu sou a melhor companhia em segredo, mas que perto dos outros é mais fácil fazer de mim uma desconhecida?
Alguém poderia, por favor, dizer em qual esquina, em qual rua, em qual peito eu vou encontrar abrigo e parar de me apoiar em pilastras de areia? Porque eu estou cansada de ser tão eu, e me doar tanto, e amar tanto, e querer tanto que isso faz de mim só mais uma coisa assustadora que eles deixam de canto por algo menos. Sempre menos. 
Menos amarga, menos ferida, menos egoísta, menos judiada, menos chutada que eu? Menos intensa, menos assustadora, menos eu que não seja eu? Alguém me diz como eu faço pra ser menos eu, porque ser eu só tem me feito perder e perder e porque eu quero ganhar, preciso entender o que estou fazendo errado? Ao menos uma única vez, eu quero ganhar.

Por que? Não entendo, por que eles chegam e nunca ficam? Por que quanto mais eu quero que durem, mais eles teimam em me deixar só? Estou com medo. E eu sei que é injusto esperar tanto, mas eu sempre dei tanto em troca. Mais amor do que jamais recebi. Já não sei mais quantas foram as vezes que eu me feri com tudo isso. É um mundo injusto para os românticos. 
Injusto demais para os que morrem de amor. 
- Cora

Textos, frases, crônicas, drama e uma mistura de coisas que só quem sente pode entender. O blog é uma mistura de tudo aquilo que passa na minha confusão mental, um pouco de crítica, um pouco de jogos, um pouco de tudo pra quem pensa em tudo.